sábado, 12 de março de 2011

Carnaval

Carnaval é, sem dúvida, apoteose. Clímax emocional. Batida, sensualidade, êxtase e luz. Montagem final e passarela das majestosas alegorias que retumbam sobre os espectadores. Mas Carnaval é também bastidores, ensaio. Trabalho de formiga. Som de solda, cheiro de tinta, produção, carregamento de madeira, o bater de prego, barracão e traje simples. É celeiro de cérebros anónimos: artesãos e entusiastas da causa carnavalesca. É resultado do trabalho ferrenho de ilustres desconhecidos.
Barracão é o lugar onde encontra-se o rascunho do enredo, onde se afina os instrumentos, a fantasia é ajustada e a ginga treinada. Das sete horas da manhã até madrugada adentro, dias a fio. Trabalho sistemático de um exército de 600, 700 pessoas - por escola! – em média. Seis meses da vida dessas pessoas é a nossa festa de um dia.
E o grande barato é que entregam-se sem medida. Não reclamam da falta de descanso, da repetição, do cheiro tóxico dos produtos, dos almoços perdidos, das noites mal dormidas, às vezes, de baixo dos carros alegóricos, sem cobertor, no alento.
Já na apuração, todo mundo reclama de tudo. Beija-Flor campeã de 2011.

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